Estudo aponta, no Google, featured snippets com respostas conflitantes
Quando o assunto é busca online, o Google assume um papel central. Com uma média de 6,3 milhões de pesquisas por segundo, a plataforma não é apenas um motor de busca, mas uma ferramenta de influência significativa, sobretudo quando contamos com Google e featured snippets.
Afinal, cada resultado exibido no topo das pesquisas pode direcionar a percepção e moldar opiniões, algo que se torna especialmente crítico ao considerar que muitos usuários dificilmente passam das primeiras opções apresentadas.
Estudos recentes mostram que os algoritmos do Google não apenas refletem informações, mas, em muitos casos, replicam e reforçam os vieses existentes. Esse fenômeno é ainda mais evidente nos featured snippets, que são trechos destacados que aparecem no topo das páginas de pesquisa e que, de certa forma, servem como respostas rápidas às perguntas dos usuários.
Essas “respostas rápidas”, porém, podem apresentar informações contraditórias, dependendo de como a pergunta foi formulada. Por exemplo, perguntas semelhantes com termos diferentes como “relação entre café e hipertensão” e “café não causa hipertensão” podem retornar respostas conflitantes do mesmo artigo. Continue a leitura para saber mais!
Como o Google e featured snippets influenciam o que vemos
Os featured snippets são projetados para fornecer uma resposta imediata e acessível ao usuário, mas a forma como essas respostas são geradas pode ser problemática.
Segundo a diretora de marketing digital Sarah Presch, o Google prioriza o que considera relevante para o usuário com base na intenção de busca, mas não necessariamente pela precisão ou contexto completo da informação. Essa abordagem alimenta o que ela chama de “uma máquina de vieses”, pois o Google extrai partes de um texto dependendo da expectativa da busca, em vez de oferecer uma visão equilibrada sobre o tema.
Essa prática de fragmentação dos dados tem impacto direto sobre a qualidade das informações que chegam ao usuário final. Em testes, por exemplo, uma pesquisa sobre “a justiça do sistema tributário britânico” com a palavra “justo” no contexto produziu um snippet destacando a opinião de um político conservador defendendo a equidade do sistema.
Entretanto, ao usar “injusto”, o snippet mudou para uma perspectiva que aponta as falhas do sistema em promover igualdade. Em outras palavras, o Google adapta as respostas com base em pequenas diferenças de linguagem, gerando uma espécie de efeito bolha, onde a plataforma valida as crenças prévias do usuário.
O risco do ciclo de retroalimentação nos algoritmos
Os algoritmos do Google têm evoluído para prever o que os usuários querem, e essa previsão pode ser vista como um ciclo de retroalimentação. Mark Williams-Cook, fundador da ferramenta de SEO AlsoAsked, descreve essa situação como uma espiral de confirmação de vieses. Ele aponta que, quando o algoritmo oferece conteúdos que reforçam as opiniões dos usuários, a própria interação do usuário com esses conteúdos ensina ao Google que essa é a informação desejada, reforçando essa tendência em pesquisas futuras.
Esse ciclo de retroalimentação, ou “feedback loop”, apresenta riscos consideráveis. Por exemplo, ao buscar informações sobre candidatos políticos, questões de saúde, ou temas polêmicos, o Google pode direcionar o usuário para artigos que não necessariamente oferecem uma visão equilibrada, mas que repetem ou até amplificam opiniões extremas.
Assim, ao clicar em conteúdos que fortalecem suas convicções, os usuários criam um perfil comportamental que guia o algoritmo a fornecer resultados semelhantes em consultas futuras.
O problema se intensifica quando consideramos que a maioria das pessoas não avança para os resultados além dos links da primeira página do Google. Isso coloca em evidência uma limitação crítica: embora o Google afirme que seu sistema permite uma diversidade de pontos de vista ao longo dos resultados, poucos usuários exploram essa pluralidade.
Limitações técnicas e o papel da intenção do usuário na exibição de conteúdos
Uma das principais limitações do sistema de busca do Google é técnica. Em um documento interno divulgado durante uma investigação, engenheiros da empresa admitiram que a tecnologia utilizada nos sistemas de busca ainda possui deficiências para interpretar completamente o conteúdo dos documentos que indexa.
O sistema tende a “simular” a compreensão com base em reações dos usuários, priorizando documentos que geraram respostas positivas em pesquisas semelhantes. Isso significa que o algoritmo aprende a exibir certos tipos de resultados não porque eles são os mais precisos, mas porque outros usuários interagiram positivamente com eles.
Esse aspecto técnico é especialmente relevante para empresas, pois ele revela como as decisões de busca do Google são moldadas mais pela interação do usuário do que pela veracidade do conteúdo. Ou seja, os algoritmos do Google atendem mais à expectativa dos usuários do que à precisão absoluta. Embora isso possa ser útil para satisfazer demandas de forma rápida, o risco é que essa abordagem simplificada promova informações parciais ou viesadas.
A evolução para um “motor de respostas” e seus desafios
Historicamente, o Google funcionava como um “motor de busca”, fornecendo ao usuário uma lista de links para explorar. Hoje, no entanto, o Google está se transformando em um “motor de respostas”, onde muitas vezes os usuários nem precisam sair da plataforma para obter uma resposta. Esse movimento, impulsionado por avanços em inteligência artificial, tem implicações para a forma como o público consome informação.
Por exemplo, o Google e featured snippets, ao exibirem um resultado, minimizam a necessidade do usuário de visitar o site de origem, o que reduz a oportunidade de contexto completo e, portanto, de compreensão crítica do tema. Além disso, o recurso AI Overview, que resume respostas de maneira automática, é outro passo na direção de centralizar a apresentação das informações.
No entanto, essa mudança não vem sem riscos. Se o sistema não fornece a resposta mais adequada ou, ainda, oferece uma visão unilateral, isso pode levar à formação de percepções incorretas ou incompletas. Quando o algoritmo falha em oferecer uma visão abrangente, as pessoas podem tomar decisões baseadas em informações que não representam a complexidade do assunto.
A importância da transparência e os desafios para o marketing digital
Para aqueles que trabalham com marketing digital, especialmente para agências que atuam na criação de conteúdo online, esses desafios apresentam questões complexas.
A prioridade que o Google dá à intenção do usuário em vez da precisão de conteúdo exige que profissionais de SEO e marketing estejam atentos não apenas ao que o público quer ler, mas também à forma como o conteúdo pode ser interpretado por algoritmos que favorecem determinadas formulações de perguntas.
Diante desse cenário, estratégias de SEO devem incluir a criação de conteúdos detalhados e que possam ser interpretados de maneira consistente, independentemente das variações de termos utilizados na busca.
As recomendações incluem acompanhar como o conteúdo aparece nos snippets e ajustar as informações para garantir que a mensagem seja clara e menos propensa a interpretações contraditórias.
Como navegar em um ambiente de busca influenciado por vieses
A questão da imparcialidade e da qualidade da informação online é um desafio complexo para o Google e, consequentemente, para todos que dependem de suas ferramentas para obter dados ou impulsionar seus negócios.
Empresas que buscam informações para decisões estratégicas devem estar cientes das limitações técnicas e estruturais da ferramenta de busca mais popular do mundo. Mais importante ainda, ao considerar a parceria com uma agência digital, é fundamental optar por profissionais que compreendam essas nuances e saibam adaptar estratégias para garantir visibilidade e precisão nas informações veiculadas.
A dependência do Google e featured snippets para obtenção de informações é, portanto, um ponto de atenção para os gestores que precisam de uma visão equilibrada e precisa para sustentar suas decisões empresariais. Com os avanços tecnológicos e o desenvolvimento de novas abordagens para a apresentação de informações, a forma como interagimos com motores de busca como o Google continuará a moldar a percepção e a compreensão que temos sobre o mundo.
E para que a sua empresa também acompanhe essas mudanças, entre em contato conosco para criarmos a estratégia digital mais apropriada!
CEO da Agência Henshin e consultor de marketing digital, fascinado por marketing de conteúdo e admirador da cultura japonesa.